Património Histórico e Cultural
Intervenção na Igreja de S. Miguel de Malhada Sorda
Centrados nos primeiros objetivos das fundadoras da FFLEP, está a decorrer a intervenção na Igreja de S. Miguel de Malhada Sorda. Pretende-se que seja uma intervenção de fundo.
Toda a componente ornamental está já sob recuperação e restauro e de seguida serão sujeitos a intervenção os elementos estruturais.
História da igreja, por Joana Pereira:
“A Igreja de Malhada Sorda, outrora, dedicada a São João e anteriormente integrada no Bispado de Ciudad Rodrigo (séc.XIV), no de Lamego (1458) e no de Pinhel (1770-1882), é referenciada desde 1320.
A data de 1597, inscrita no segundo arco existente no interior da igreja, reportará, provavelmente, a uma segunda fase de construção deste edifício, atualmente dedicado a
São Miguel. As inscrições inculcadas na torre sineira – 1785 – e no terceiro arco no interior do templo – 1796 – indicam, presumivelmente, uma terceira fase de campanha de obras.
Da edificação medieval não restam quaisquer vestígios. Da segunda fase de construção conservam-se para além da estrutura arquitetónica, os painéis – São Jorge matando o
dragão e o Demónio e a Apresentação no Templo – do desmembrado retábulo, datados da primeira metade do século XVI (atribuíveis a Bastião Afonso – 1535) e a pintura mural que
ocupa a parede fundeira e os panos adjacentes das paredes laterais da capela-mor e cujas cenas representadas são as seguintes: Criação de Adão; Criação de Eva; Expulsão do
Paraíso; Adão e Eva junto da Fonte da Vida; São Miguel pesando as almas à entrada da Jerusalém Celeste e o que aparenta ser o pecado original.
Mais tarde, o templo viria a ter beneficiação ao nível das artes decorativas.
A capela-mor, cujo teto é pintado em trompe l’oeil é ornamentado com uma representação da Santíssima Trindade em glória, alberga um retábulo de estilo barroco nacional onde se
encontram expostas as imagens de São Miguel (Evangelho) e da Santíssima Trindade (Epístola), ambas do século XVII. Do século XVII-XVIII são os caixotões com pinturas de
temática mariana e os ornamentos de brutesco que dão colorido ao arco triunfal.
Concebidos sob a gramática decorativa joanina, a igreja possui os retábulos laterais onde figuram motivos arquitetónicos, sanefas de cortinas e panos, grinaldas de flores e festões.
No altar do lado do Evangelho venera-se a Virgem com o título difundido pela Ordem dos Pregadores – Nossa Senhora do Rosário (séc. XVIII), Nossa Senhora de Fátima (séc. XX);
Santo Agostinho e Nossa Senhora da Boa Morte e no altar do lado da Epístola têm lugar as imagens do Sagrado Coração de Jesus (séc. XX), de Santa Bárbara (séc. XVII) e de Santa
Teresa de Ávila (séc. XVIII).”
Por Joana Pinheiro Lourenço Pereira
Em Roteiro das Beiras e Serra da Estrela – Pegadas de Fé
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